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segunda-feira, 21 de março de 2011

A Fênix


De todos os seres míticos que conheço um dos que mais me impressionam é a Fênix. Esse pássaro místico ao sentir estar próxima a hora de sua morte se consome no meio do fogo até restarem somente cinzas. Qualquer um que olhar depois disso verá um quadro de desolação, desesperança e morte, contudo aqueles que continuarem olhando verão uma cena inusitada: milagrosamente uma nova Fênix renasce das próprias cinzas, completamente renovada, restaurada e pronta pra encarar novos desafios sabendo que todas as vezes que parecer ser o fim ela renascerá.
Tal reflexão nasceu de uma conversa com uma amiga de uma inteligência ímpar e de minhas experiências recentes. Eu, assim como milhões de pessoas todos os dias, fui confrontado com situações que me abalaram e me desestabilizaram a princípio e me deixaram diante de duas alternativas: entregar-me e desistir, ou assim como no exemplo da Fênix renascer das próprias cinzas.
Reconheço ser mais cômodo simplesmente se prostrar e começar a entrar em um processo que inclui depressão, auto-piedade, e outros tantos sentimentos destrutivos. Simplesmente aceitar o que aconteceu de forma fatalista e colocar a culpa no outro, em Deus, no mundo, na própria sorte ou em qualquer outra coisa, desde que a responsabilidade pelos rumos que nossas vidas tomarão depois da queda saiam das nossas costas.
Muitos na primeira dificuldade sentem-se o próprio Édipo, tentando fugir de um destino inexorável que foi escrito pelos deuses a milênios, escrito em páginas de chumbo com caneta de diamante. É preciso coragem para lutar sempre, não importando o quadro que se apresente, coragem essa que muitas vezes nos falta já que tudo que sabemos fazer é olhar pras dificuldades e como cães lambemos nossas próprias feridas.
Desafios são propostos a cada dia, novas decepções nos esperam, esperanças inúmeras serão frustradas ao longo de nosso caminho, entraremos no deserto e nos sentiremos sozinhos e desamparados muitas vezes, mas nessas horas como agir? A sorte está lançada e cabe a nós decidir, morrer no deserto sentindo pena de nós mesmos ou como a Fênix renascer das cinza

Um comentário:

  1. Querido Arcanjo!

    O seu relato permite a compreensão de valores em nós mortais. O mais importante deles se refere à circularidade do tempo e o processo de renovação. No momento em que se prepara a própria morte, a Fênix demontra a claramente a limitude da existência. Em contrapartida, salienta a continuidade do mundo no momento em que só pode gerar uma nova vida mediante o fim da sua.
    Como humanos deparamos sempre com a Fênix em cada situação que somos apresentados. Saibamos ressurgir das cinzas sempre com um novo aprendizado, mesmo na dor...
    Lindo texto escrito das mãos do poeta!

    Bjsss

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