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sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Máscaras


Certa vez um homem chega ao consultório de um psicólogo e trava o seguinte diálogo com ele:
­“Doutor preciso de sua ajuda, há meses não consigo dormir direito, tenho pesadelos horríveis, ataques de pânico e choro constantes. Não vejo mais motivos pra viver, várias vezes tentei o suicídio, porém algo sempre dava errado e estou preso a essa vida vazia e sem sentido. Não vejo mais motivos pra minha existência, nada mais tem graça tudo que desejo é pôr um fim a esse sofrimento.”
O médico então lhe respondeu:
“Realmente o seu caso é grave, contudo acho que tenho a solução pro seu problema sem precisar recorrer a medicamentos pesados, trata-se da terapia do riso. O famoso palhaço Pierrot está na cidade ele é o homem mais alegre do mundo, seu humor é contagiante, se nem ele conseguir resolver seu problema nenhum remédio ou terapia trará resultados.”
Ao ouvir essas palavras o misterioso paciente entra em uma crise convulsiva de choro e com a voz embargada com muita dificuldade balbucia algumas palavras entrecortadas por soluços: “Mas doutor o palhaço Pierrot sou eu...”

Ouvi essa história e fique pensando em seu significado, nas vezes que vivemos uma vida de mentiras e nos escondemos atrás de máscaras que convenientemente fazemos para nós. Os motivos pelos quais mascaramos quem somos podem ser os mais diversos: necessidade de aceitação em um determinado grupo, medo de rejeição, decepções, enfim muitas coisas podem nos fazer querer parecer o que não somos.
Mas uma pergunta deve ser feita por todos que resolveram seguir esse caminho: Será que vale a pena realmente pagar o preço de viver uma mentira? Dizem que uma mentira repetida várias vezes acaba se tornando verdade, tenho minhas dúvidas com relação a isso. Por mais dura que a realidade possa se apresentar encara-la de frente é sempre melhor por que uma hora com certeza as máscaras caem e aí o estrago é muito maior.
Outro ponto tem de ser posto em questão, as dificuldades psicológicas em se defender essa mentira, a anulação constante da própria personalidade, o peso de ser o que o outro espera e não o que você realmente é. Muitas pessoas vão viver infelizes pelo resto de suas vidas por que não tiveram a coragem de viver as próprias vidas e passaram anos vivendo uma fábula, e ao cair do pano e no apagar das luzes percebem q foram apenas coadjuvantes por não serem eles mesmos. A vida pode sim ser um grande teatro, mas cabe a nós agirmos para que não se torne uma tragicomédia com uma piada sem graça no final.

3 comentários:

  1. Meus aplausos querido arcanjo!

    As dificuldades de manter-se é muito grande. A pessoa incorpora-se dentro do personagem da mentira e dá asas a sua imaginação. Só que as cortinas se abrem, e um dia o final da peça termina... só e infeliz, sem conseguir usar a sua própria máscara!
    Divino e rico texto!
    Ameiiiii

    Bjsss

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  2. Obrigado meu Anjo, você como sempre muito gentil com relação àquilo que escrevo... que bom que você gostou, mas realmente é um grande desafio não sucumbirmos à tentação de ser algo q não somos... beijos e meus mais sinceros agradecimentos.

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  3. Parabéns!
    Adorei o texto, faz muito sentido.
    Também acho que as pessoas devem aprender a aceitar as outras. É complicado ser você mesmo quando as pessoas não estão preparadas para isso e nem você para se mostrar e/ou também aceitá-las. Creio que a mídia é um dos grandes contribuidores para esse "mal". Afinal, a "moda" nunca é ser você mesmo.

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